Com sede em Florianópolis, Santa Catarina, o Instituto da Terra para o
Desenvolvimento Sustentável, o Meio Ambiente e a Cidadania, em parceria com o
estúdio de design Lobotomáticos, vivencia a prática Cidadania em Cadeia para o
Direito do Futuro junto aos detentos do Presídio Masculino de Florianópolis.
A Kretzer Móveis, como o mais novo elo desta cadeia, destina parte de seus
resíduos sólidos para a confecção de produtos, atribuindo-os uma nova percepção
de valor, praticando a consciência do design reverso.
O conceito dos produtos que criamos com os detentos sempre carrega elementos
e referências do sistema prisional e de seu microcosmo. Essa luminária é um
exemplo disso. Com os resíduos de MDF da Kretzer, conceitualizamos essa
luminária de chão, que mistura acabamentos ‘industriais’ com a arte manual dos
detentos.
A base é dividida em três partes, que se encaixam perfeitamente sem levar a necessidade de estruturas de fixação. Essa ideia remete às algemas de tornozelo, o conhecido "marcapasso", comum aos detentos quando se locomovem do presídio ao fórum. As doze ripas verticais completam um gradeado cilíndrico que ‘prende’ o fio de luz enegrecido.
A pantalha é uma tela toda revestida a mão por sobras de tecidos em
tonalidades de preto que variam sutilmente. O preto é a única cor que os
detentos não podem possuir em nenhuma de suas vestimentas, seja uma bermuda, ou
mesmo, um par de meias. Essa cor é reservada aos agentes prisionais, exercendo
um papel hierárquico. O amarelo segue o tom da linha de móveis. O topo da
pantalha possui uma abertura por onde o globo de luz, o centro dessa ‘célula’
orgânica, respira. É o orifício onde a energia escapará sem filtros, onde a
vida pode sair, por cima.
Elos são criados. Experiências compartilhadas, vidas desenvolvidas, novas
possibilidades e alternativas. Kretzer, desenvolvendo um renovador conceito
social e ambiental.
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